Diário do Levain – parte II

por Bruna Leite

Ah que eu estava tão ansiosa pra escrever esse post… Seria um post de superação, quase motivacional, que mostraria como a perseverança vale a pena e tudo dá certo no final. Onde a “mocinha” supera suas próprias limitações e faz um lindo pão de fermentação natural, crocante por fora, macio e cheio de buraquinhos por dentro, acidez e sabor equilibrados. Mas, estou me sentindo o Rocky nos primeiros minutos da luta, soco atrás de soco e nenhum sinal de reação…

Bom, mas vamos ao diário. Dessa vez fiz tudo ao longo do dia, nada de dormir e acordar às 5h por causa de fermento. Então, ontem às 7h da manhã, exatamente uma semana depois da primeira tentativa, retirei meu fermento da geladeira. Como tenho pouca experiência com o bichinho, achei que estava tudo certo. Refresquei conforme instruções do meu livro guia, o Pão Nosso, achei que ficou meio seco, mas ignorei. Deixei descansar por 4 horas. Ele continuou praticamente igual antes, só que maior. Novamente ignorei. Comecei o processo: separei ½ xícara do fermento, juntei 1 xícara de água, misturei, juntei 4 xícaras de farinha de trigo branca aos poucos, misturando sempre. Finalizei adicionando aos poucos 2 colheres de chá de sal. Sovei, sovei, sovei por 10 minutos. Coloquei para descansar no mesmo bowl de sempre, coberto com pano. Só que dessa vez, como está friozinho, pré-aqueci o forno do fogão e deixei esse calor subir pro bowl, “ajudando” o fermento. Cresceu quase nada em 4 horas. Quase nada. Lógico que ignorei esse fato, tirei, modelei e passei para uma forma enfarinhada e deixei crescer mais 1:30h.

Novamente cresceu quase nada. Novamente ignorei. Já tinha chegado até aqui, o mínimo era pagar para ver, não é? Fiz três cortes, borrifei com água (sim, comprei um borrifador, estou determinada) e coloquei para assar. Assar a uns 220 graus, diz o livro. Por algum motivo meu forno não está passando de 154 graus. Sem grill. Isso não pode estar certo. Desconfiei da primeira vez, mas agora tenho quase certeza que o forno está tendo um papel fundamental nos meus fracassos de fermentação natural. Junto com o fermento. Junto com minha pouca prática… O resultado? Um pãozinho pálido, levemente crocante por fora, macio com partes mal assadas por dentro, mas com um sabor até gostosinho.

Hoje pela manhã cortei com a esperança de um milagre. Lógico que não teve milagre em relação ao pão. Acho que fiz uma cara de decepção. Alice me perguntou o que tinha acontecido com meu pão, eu respondi que não tinha dado certo. Ela me olhou, olhou pro pão, pegou uma fatia, apertou, mordeu, sorriu e me disse: “deu certo sim mamãe, está muito macio”! Comeu a fatia dela inteira e ainda levou uma pro Gabriel. Aquele “prêmio de consolação” que vale mais do que o prêmio principal!

E agora? Vou jogar fora o resto do fermento que está na geladeira e começar outro do zero. Também estou agendando uma visita técnica da assistência do fogão. E pra minha auto estima? Vou dar mais um tempo da fermentação natural, até resolver fermento e forno!

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3 comentários

Andreza 27 de maio de 2020 - 21:21

Oi Bruna! Também estou na lida com o levain, tbem iniciei com o livro Pão Nosso. Então, aqui em Blumenau a temperatura já está bem amena, até friozinho… e tive no começo os mesmos resultados q vc. Nao me conformei e fui pesquisando sobre. Descobri que: 1)se quiser fazer pao branco tem que converter o levain antes pra farinha branca (o q consiste alimentá-lo umas 3 x seguidas com farinha branca até q o levain fique bem forte). 2) o pulo do gato pra mim foi descobrir que usar agua morna e um tico de açúcar mascavo pra refrescar o fermento. 3) comecei a brincar com as proporçoes pra alimentar o fermento, e o que melhor funcionou por aqui foi 1:1:1 (ou seja, qtades iguais de fermento, agua e farinha), o levain ficou felizão! 4) os tempos de fermentaçao por aqui (q ja esta friozinho) são beeeeem maiores do que os citados no livro. E pra refrescar o fermento tbem. Espero ter ajudado! Nao desiste não: fica firme com seu levain pq os resultados são recompensadores!

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Bruna Leite 8 de agosto de 2020 - 11:52

Nossa Andreza, eu dei um tempo do levain agora por questões de tempo mesmo! Essa quarentena está durando muito mais do que eu imaginava… MAs sabe que cheguei à mesma conclusão que você? Água morna e um tiquinho de açúcar demoraram (no meu caso), fizeram a diferença para garantir um levain feliz! Já já eu volto pro mundo da fermentação natural!

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Bruna Leite 11 de janeiro de 2021 - 17:09

Nossa Andreza, adorei suas consideracoes, e acabei chegando a quase as mesmas conclusoes por aqui! Agua morno e um tiquinho de acucar “garantem”’o sucesso!

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